quarta-feira, 4 de maio de 2016

Ele era um guerreiro, um andarilho, um navegador. Mas fazia tantos anos que não manejava suas armas.
Ele foi jogado no mundo pelo seu pai quando era apenas um filhotinho.Recebeu apenas uma instrução: vá e aprenda!
Andou perdido de vila e vila, sem ninguém quem lhe apresenta-se os parâmetros básicos da vida. Ela observava e testava;errava e fugia; escondia-se e algumas vezes até recebia alegria.
Conheceu os marinheiros, os soldados, os camponeses, os padeiros, os monges e os carrasco. Conheceu também o amor, muitas vezes. Mas nunca sentiu-se integrado a grupo nenhum.
Quando percebeu já não era mais menino. Havia uma espada em sua cintura, e no seu corpo, uma habilidade imensa para matar. Por muito tempo, foi exatamente isso que fez.
Ele não era mau, ao contrário, lutava e sangrava pelo bem maior. Com sua força, trouxe a paz a todas as aldeias. Mas seu coração era inquieto e logo, abandonou a guerra.
Elaborou um feitiço, tornou-se invisível e percorreu os sete continentes. Não uma, mas três vezes passou pelo mesmo lugar. Pai, dizia, fui e aprendi como instruíste-me, o suficiente para preencher toda uma biblioteca com meus pensamentos. Todavia, pai meu, porque sinto que ainda não basta?
Os sábios, os livros, os magos e as feiticeiras, astrólogos, velhos anciões, mestre nas montanhas e criaturas das florestas nada mais tinham para lhe oferecer. O andarilho buscou ele mesmo ensinar, deixando inúmeros discípulos debaixo do céu. E quando novamente cansou-se, desapareceu.
Foi atrás de seu pai. Estava farto de ir e aprender. Fez-se magicamente criança e desfez todo seu caminho. No entanto, seu pai não era encontrado.
Conheceu o desespero, a dor, a verdadeira tristeza, o completo desânimo. Mas então descobriu, que havia todo esse universo que lhe era desconhecido. Mergulhou dentro de si e viu que as águas eram profundas.
Tornou-se alegre, sorridente, expontâneo. Sua língua era livre, mas seus olhos sérios. Com estes, observava o mundo a sua volta com a intensidade de uma folha sendo levada ao vento.
Naquele dia, ele escreveu uma carta. Prometia encontrar a cabeça da moça cujo coração era luz. Ela se via como guerreira, mas tudo que aquele guerreiro andarilho navegador via era uma barda, forçada pelas circunstâncias a batalhar. Seus sentimentos era longos, e sua alma bela.
O guerreiro iniciou sua busca. Quem sabe não encontram não apenas a cabeça do jovem, do andarilho também?

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