quarta-feira, 4 de maio de 2016

Ele era um guerreiro, um andarilho, um navegador. Mas fazia tantos anos que não manejava suas armas.
Ele foi jogado no mundo pelo seu pai quando era apenas um filhotinho.Recebeu apenas uma instrução: vá e aprenda!
Andou perdido de vila e vila, sem ninguém quem lhe apresenta-se os parâmetros básicos da vida. Ela observava e testava;errava e fugia; escondia-se e algumas vezes até recebia alegria.
Conheceu os marinheiros, os soldados, os camponeses, os padeiros, os monges e os carrasco. Conheceu também o amor, muitas vezes. Mas nunca sentiu-se integrado a grupo nenhum.
Quando percebeu já não era mais menino. Havia uma espada em sua cintura, e no seu corpo, uma habilidade imensa para matar. Por muito tempo, foi exatamente isso que fez.
Ele não era mau, ao contrário, lutava e sangrava pelo bem maior. Com sua força, trouxe a paz a todas as aldeias. Mas seu coração era inquieto e logo, abandonou a guerra.
Elaborou um feitiço, tornou-se invisível e percorreu os sete continentes. Não uma, mas três vezes passou pelo mesmo lugar. Pai, dizia, fui e aprendi como instruíste-me, o suficiente para preencher toda uma biblioteca com meus pensamentos. Todavia, pai meu, porque sinto que ainda não basta?
Os sábios, os livros, os magos e as feiticeiras, astrólogos, velhos anciões, mestre nas montanhas e criaturas das florestas nada mais tinham para lhe oferecer. O andarilho buscou ele mesmo ensinar, deixando inúmeros discípulos debaixo do céu. E quando novamente cansou-se, desapareceu.
Foi atrás de seu pai. Estava farto de ir e aprender. Fez-se magicamente criança e desfez todo seu caminho. No entanto, seu pai não era encontrado.
Conheceu o desespero, a dor, a verdadeira tristeza, o completo desânimo. Mas então descobriu, que havia todo esse universo que lhe era desconhecido. Mergulhou dentro de si e viu que as águas eram profundas.
Tornou-se alegre, sorridente, expontâneo. Sua língua era livre, mas seus olhos sérios. Com estes, observava o mundo a sua volta com a intensidade de uma folha sendo levada ao vento.
Naquele dia, ele escreveu uma carta. Prometia encontrar a cabeça da moça cujo coração era luz. Ela se via como guerreira, mas tudo que aquele guerreiro andarilho navegador via era uma barda, forçada pelas circunstâncias a batalhar. Seus sentimentos era longos, e sua alma bela.
O guerreiro iniciou sua busca. Quem sabe não encontram não apenas a cabeça do jovem, do andarilho também?

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Kor, prólogo

Vou contar uma história, ou várias histórias, de uma moça, ou várias pessoas, que encontraram-se diante morte, ou melhor, a morte se encontrou diante dela, ou delas, e pediu sua ajuda.
Era 234 a. C., e ela estava em sua caça semanal. Seu nome era Istchephãny e estava em busca de Kor.
Seus 5 maridos haviam brigado mais uma vez, futilidades masculinas, mas desta vez o mais velho e o terceiro haviam se machucado feio.
O que era uma simples briga de homens se transformou num sério Kutheê e magia e arco foram usados.
Agora os dois jaziam debaixo da Árvore Sagrada, incapazes de mover, falar. Pareciam vegetais.
O conselho de seu povo, formada por todas as mulheres mais três homens, haviam decidido enterrá-los
Disseram-lhe: eles se tornaram plantas, e como plantas, pertencem à Terra.
Istchephãny interviu e três dias lhe foram dados.
Sabia ela que somente o sangue do Kor poderia salvá-los, e apesar de toda idiotisse deles, amava-os.
A muitos pés de distância dali, no ano de 578 D.C, Xistépamy era perseguida.
Fazia 13 horas que cavalgava em busca da Sabedoria Perdida.
Seus irmãos morreram a alguns dias e antes que as honras funerárias pudessem realizadas, seus corpos foram profanados..
A carne de seus irmão levantaram e espíritos ruins tomaram seus corpos e atacaram seu povo.
Os chefes os capturaram e pretendia queimar seus corpos, mas ela chorou, suplicou e negociou.
Mais tarde foi aconselhada pela Velha Anciã, uma das últimas remanescentes das Velhas Sacerdotisas, a ir atrás da Sabedoria Antiga. "Encontre o Pergaminho de Kor", disse a Anciã.
Xistépamy olhou a sua volta e sentiu o ar umidecer. Os ventos tornaram se fortes, muitos fortes, logo uma tempestade surgiu e quando passou, seus persiguidores haviam sumido
Não perdeu muito tempo, e logo continuou a sua cavalgada; mas pouco tempo depois deu de cara com uma mulher bem no meio de seu caminho.
A mulher fez claro sinal para parar; Xistépamy tentou ignorar, mas logo viu que seria inútil. O caminho era demais estreito, e para passar, teria que atropelá-la.
"Se tem um assunto a tratar comigo, fale logo, pois meu tempo é curto", disse Xistépamy em sua língua arcaica.
"Tenho, e é de seu interesse. O que achou da minha tempestade?"
Era 1313, em uma terra não tão distante. Lady Estípanny III, senhora das terras verdes, filha de Lord Kelter IV, descendente por linha direta do Imperador e dos Antigos homens, viajava entre os campos de batalhas.
Sir. Lorcel e os outros tentaram dissuadia-la, mas ela estava firme em sua decisão. Calvagaria entre os Mouros e os Bárbaros se precisasse, mas teria em suas mãos o Santo Graal.
Ora, seu pai havia pecado enormemente, mandara matar cristãos inocentes e blasfemara contra o Espírito. Lady Estípanny sentir dor em seu coração por seu pai, e chorava por ele.
O padre tinha dito que ele não tinha salvação, mas ela estava determinada a salvar sua alma. Ouvira do companheiro do pai que o Santo Graal fora tocada pelo Filho, e que aquele tomasse vinho de seu cálice sagrado teria todos os seus pecados perdoados.
A pouco ela, Sir Lorcel e os 300 homens que os acompanhavam foram atacados pelos infiéis. 900 pipocaram de todas as direções.
Tudo parecia perdido, mas ele rezou ao Deus Todos Poderoso, e milhares de selvagens apareceram e salvaram sua vidas, ajudados por estranho tempo. Muito quente e muito frio alternavam-se subitamente e os selvagens e os homens de Sir Lorcel não pareciam ser afetados por isso.
Ao fim, ajoelhou-lhe e agradeceu ao Pai, e o Senhor daqueles selvagens vieram ter com ela, ou melhor, uma Senhora.
"Há muita coisa que preciso te dizer, Estípanny", disse a selvagem-mor em sua bizarra linguagem. Lady Estípanny viu-se, surpresa, que compreendia o que escutava e sentiu sua boca responder: "Muito obrigado, devo minha a você e ficaria com muito prazer a conversar contigo. Mas meu pai preciso ser salvo e urgência é necessária. Ele está doente e não resistirá seus ferimentos mais do que dois dias".
"Temos um assunto mais importante para salvar, minha Kholar, um assunto que deixamos não-resolvido por tempo demais. Seu pai e todos nós dependemos disso e digo ainda que é a nossa esperança".
"Talvez não seja a Senhora a realizá-lo", continuou a selvagem, "mas tenho certeza que a Senhora é o passo final. Dependemos de você e Dela, a ultima Kholar, e não espaço para erros".
"Não entendo o que diz", respondeu, insegura, Lady Estípanny, "mas se pode salvar o meu pai do Inferno, então te ouvirei".
"Esqueça teu Deus e abre teus olhos. Libere-se do seus medos, de sua insegurança, e deixa fluir.
"Pare de se preocupar com sua mãe, Stéphani", dizia aquela estranha, mas de alguma forma familiar, mulher que aparecera na estrada. "Relaxe, esqueça seus problemas, tire o stress dos seus ombros e sinta a viagem". Continuou. E o LSD começou a fazer efeito
Era 1968, num continente muito distante, mas que mesmo assim, não deixou de ter muito contato com aquele. Fazia dois dias que Stéfani estava na estrada. Ela procura Kor, um armazém clandestino no meio da estrada São Paulo-Brasília. O sindicato tinha sido invadido pelos polícias, seus companheiros foram presos, algumas mortos e outros concerteza estavam sendo torturados neste momento. Soube por suas fontes que eles seriam fuzilados no dia três dias depois, e não perdeu tempo, foi atrás de Kor, o ultimo recurso do Sindicato. Kor era um antigo armazém ondem diziam, que havia armas e bombas o suficiente para explodir Brasília inteira.
"Vou tirar meus compas de lá, nem que seja sozinha, ou então vou mandar aquela porra de Cidade pro inferno!", prometou a si mesmo, entre lágrimas de ódio, "Pare de se preocupar com sua mãe, Stéphani.
A alguns horas fora identificada pela polícia, e perseguida, mas uma estranha mulher aparecera na estrada, e com um sorte danada (e uma súbita escuridão), ajudara-a a fugir e se esconder.
Ela viera com um papo esquisito, falava de um bagulho pra terminar, e dizia que era um problema dela. E ainda veio pra cima oferecendo LSD!
Ela não tinha tempo a perder, mas a mulher salvara a sua vida, e de alguma forma sentia que devia retribuir. Além disso, em algumas horas provavelmente morreria, então não custa nada uma viagenzinha.
"Minha mãe se decepcionaria comigo", disse Stéphani
"Pare de se preocupar com sua mãe, Stéphani". "Relaxe, esqueça seus problemas, tire o stress dos seus ombros e sinta a viagem".
E de repente, já não estava na estrada.
Sentiu-se confusa, mas firme em seu propósito e disposta a lutar se precisasse. Onde estava? Quiz saber e tentou olhar a sua volta, mas sua vista estava opaca. Sentiu um cheiro estranho, um cheiro terrivelmente familiar e soube então que não estava sozinha. Sua vista então clareou-se e viu a seu lado 3 mulheres, extremamente parecidas, mas cada uma tinha um jeito tão peculiarmente individual.
E mais a frente viu aquela mulher estranha da estrada e então assustou-se. Stéphani viu que ela mesma era terrivelmente semelhante às três e somente a mulher da estrada conseguia manter sua diferença.
A mulher da estrada olhou para as outras quatro e apenas disse, com olhou que não permitiam perguntas: assistam. E apontou mais a frente
Istchephãny cambaleava, mas seguia em frente.
Seu corpo estava todo ferido, seu Chuê estava todo rasgado, seu Baku quebrado, mas lança mantinha-se firmemente inteiro.
Fora atacada no dia anterior por três feras da noite, filhos de Mowabs, e sozinha os enfrentou.
Uma luta sangrenta seguiu-se, mas no fim saiu vitoriosa. Contudo, foi feriada e envenenada, e soube então que iria morrer em breve.
Mas continua firme e determinada a encontrar Kor e salvar seus maridos.
Finalmente, Istchephãny vê-se de frente a Kor. Sorri, mas sabe que o pior não passou e que seus maridos ainda não estavam salvos.
Kor estava sentado em seu trono, imenso, com formas humanas, um corpo extremamente branco, trajado com peles escuras.
Em seu trono permaneceu, enquanto Istchephãny cambaleava em sua direção. Muitos se passaram até que a 5 passos de Kor, Istchephãny tropece e cai de cara no chão. "É o meu fim", pensa
"É o nosso fim", pensa ao mesmo tempo as mulheres, que permaneciam assistindo.
Kor se levanta e vai até sua direção. Agarra Istchephãny pela cabeça e a coloca em pé. Estica um braço e uma longa cadeira aparece, de frente ao seu trono, onde ajeita a mulher.
"Parece que tem me procurado", diz, eu sua voz seca e sombria. "Precisa do meu sangue, não é?"
Sua língua falha e Istchephãny consegue apenas acenar.
"MINHA RESPOSTA É NÃO", grita Kor, "mas talvez eu possa te dar pouquinho se você uma coisa bem simples. Veja, estamos apenas a três passos de distância, levante, toque eu meu corpo e terá um pouco do meu sangue".
Istchephãny faz o maior esforço de sua vida. Todos os seus músculos doem e suas juntas parece que vão explodir, enfim, consegue colocar-se de pé.
Dá um passo, dá outro, está muito próxima de Kor, levanta um braço para alcançá-lo e cai para trás, morta.
Em algum lugar muito longe, e ao mesmo tempo muito perto, a mulher da estrada olha para as mulheres, lágrimas rolando, e diz, numa voz falha: este é o assunto não resolvido. Por favor, vocês precisam salvar os meus maridos.
"O que podemos fazer?", adianta-se Stephani.
"Apenas toquem em Kor".
"Mas...", questiona, "estamos de alguma forma... distantes".
"Eu posso dar um jeito nisso"
E assim, as quatro mulheres encontraram-se no Palácio de Kor, diante de seu trono e próximo do corpo de Istchephãny.
"Parece que a mocinha tinha mais um truque!", exclamou Kor, "a proposta continua de pé. Toquem-me, e terão poder suficiente para curar qualquer, serão mais sábias que os mais poderosos magos, moverão céus e terra, Deus nenhum se colocara diante de voces e terao mais poder que qualquer ser no universo, menos eu, é claro".
As mulheres começaram a correr na direção de Kor, mas, contudo, seus corpos ficaram pesados, seus pés não se levantam, o ar dificilmente se entrava em seus pulmões e somente Stéphani tinha palavras para entender o que se passava. "A gravidade..."
A gravidade se torna mais e mais pesada, e uma a uma elas vão morrendo. Primeiro são jogadas ao chão, depois seus ossos são quebrados, enfim, sem ar, a vida abandona seus corpos. Algumas horas mais tarde, os maridos são enterrados, os irmãos queimados, um pai é condenado ao inferno e companheiros são fuzilados após serem duramente torturados e Kor continua em pé, em seu trono, triunfante.


É 21 de dezembro de 2012, o mundo parece estar destruindo por dentro, todos parecem aceitar a sua morte, mas uma mulher, Stéfani, permanece filme. O mundo será salvo.
FIM

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Onipresença




Não se sabe explicar, é como se estivesse ali o tempo todo. Às vezes eu sinto que nossa alma pode viajar por aí fora do nosso corpo. A minha adora mergulhar por aí, nunca está onde deveria. Estou sentado, na biblioteca lendo, estou em Atenas, vendo os homens e os homens antigos; estou no meu dia anterior, revendo aquela cena pela milésima vez; estou dentro dela, sentindo seus lábios; estou no meio do vazio, sustentando pelo nada, caindo; estou no fundo do abismo, cavando buracos. Um súbito som me traz de volta, olho para o lado, tem uma janela aberta, árvores lá fora, vento balançando as folhas, pessoas caminhando, conversando fofocando e lá em cima nuvens lindas, todas gorduxinhas, conversando comigo. Estou no céu revirando o meu estômago sobre nosso destino. Observo a Terra debaixo de mim, a humanidade desgraçada, em miséria, vejo gente faminta fazendo comida para gente saciada, gente saciada pintando de laranja a própria desgraça, vejo gente bem com os dedos todos sujos de sangue, vejo gente gritando, sacudindo os colegas, parece que quer acordá-los, mas esta gente está meio solitário. Vejo aquela cena de ontem machucando meu corpo.
Quero água, vou-me ao banheiro. Há um espelho bem ali, um rosto igual ao mim me encara, seus olhos estão tristes, mas não estão ali. Uma bola preta dentro de uma bola branca despejada numa cara arredondada, uma marca no rosto de 4 anos atrás. Você não era só, todos os pedaços de si estavam bem reunidinhos no mesmo lugar, não havia projetos impossíveis para dar realidade. Você estava correndo e você sorrindo, sua boca estava aberta, os dentes todos pra fora, você vai chegar primeiro. Você jura que aquela pedra não estava ali, você jura que foi só um arranhão, você está sangrando, você está no hospital, você está revendo aquela cena de ontem, ela quase te beijando, o cheiro dos lábios dela, seu coração sambando, e aquele olhar... você liga a torneira e limpa o rosto.
Saio do Banheiro, meu celular vibrou, é uma mensagem. O que houve?, pergunta a mensagem, o que houve?, eu não consigo parar de me perguntar. Volto para minha mesa, mas não encontro mais o caminho para Atenas, os deuses não falam mais comigo, a assembléia se encerrou, fecho o meu livro e vou para fora.
O tempo está uma delícia, está na época das mangas e dos sorrisos, eu não sei para onde ir, normalmente eu iria para ... ontem, não foi a primeira vez, a história está se repetindo, não, tudo vai ser diferente, mas eu estou fazendo tudo de novo!, mas ela sabe agora, ela se importa? Eu não sei se eu consigo
- Oi!!!
- Oi.
- Eae, que está fazendo?
- Eu? Eu estou apenas... deixa pra lá
correr até o meu lugar. Preciso da orientação da chuva, da lua, da árvore, de id, de ego, de angola. Um silêncio completo. Compreendo, resolva isso você mesmo. Armo meu berimbau, começo a tocar e deixo ela ir. Foi o beijo mais gostoso que nunca tive, e o dia de ontem acabou, assim como de agora está no fim. Ela ainda está por aí, acho que na França, em Roma, ou em Anteontem, espero que volte, preciso dela.

domingo, 1 de janeiro de 2012

CARTA-SUICIDIO

Ei, esta é uma história de ficção, okay?
Foi a primeira história que consegui terminar. Escrevi ela faz uns três anos e nunca mais vi ela desde então. Hoje que resolvi dar uma relida e postá-la. Este blog voltará a funcionar!

Se vocês estão lendo essa carta, significa que minha consciência jaz na escuridão. Vocês devem estar se perguntando porque fiz isso, o que é natural. Embora seja complicado e contraditório, vou tentar explicar a vocês - e vocês merecem uma explicação - as razões que me levaram a terminar minha vida.
Como vocês sabem, nunca fui social e sempre tive poucos amigos (aliás,vocês eram meus únicos amigos). Não se importava com isso, sempre soube que estava condicionado a timidês. Por ironia, a única vez da minha vida em que tentei agir como um cara extrovertido, foi a noite em que conheci vocês. Mas não pensem que era solitário, vocês me davam apoio o suficiente. Porém tudo mudou quando terminei a faculdade.
Desde criança, os números nunca foram um problema para mim. Todos acreditavam acreditavam que eu seguiria uma carreira como matemático ou físico (inclusive eu), porém, no último ano da escola, surpreendi-me escolhendo psicologia. Olhando agora para o passado, vejo que o que me levou para a área de humanas e afastou-me dos números de mim foi o meu irmão Paulo (que na época era ainda um bebê).
Quando eu tive meu primeiro contanto com meu irmão, assustei com o quanto ele gritava (ainda me pergunto de onde vinha tanta energia). À princípio, acreditei que ele chorava simplesmente por chorar. Contudo, percebi que por trás de cada grito, havia um desejo. Quando ele tinha fome, ele chorava. Quanto sujava sua fralda, chorava. Quando simpeismente sentia-se solitário e queria carinho, chorava. Fascinava-me vê-lo expressar seus sentimentos tão espontaneamente. E isso fez ver-me o quanto os seres humanos podiam ser interessantes.
O comportamento humano começou a me interessar muito. Tornou-se frequente minhas idas a praçinha do meu bairro (morava ainda em Lud), onde eu eu sentava num banco e observava as crianças reunidas brincando na areia. Preste atenção nisso, porque é muito importante para que vocês possam me entender: por mais eu tenha passa horas olhando para aqueles meninos se divertindo (e se sujando) naquela pequena porção de areia, o que na verdade eu queria entender era eu mesmo. Não conseguia compreender meus sentimentos. Não encontrava uma explicação sobre por que alguns dias eu simplismente acordava durante a noite triste e deprimido e sentia-se com se tudo fosse irreal e vazio.
Mas eu não era pessimista, caros amigos, ao contrário. Acreditava que se conhecesse bem a alma humana poderia eliminar totalmente a tristeza da minha vida.
Os meses foram passando, o vestibular chegando e as tristeza e a melancolia tornando-se frequentes. Eu estava começando a ficar desesperado. Minha mãe via eu ficar cada vez mais tímido e fechado, mas nunca desconfiou que eu pudesse estar entrando em depressão. Há outra coisa que vocês precisam saber para me compreender: eu era inconscientemente muito orgulhoso. Nunca admiti isso antes, mas agora percebo que essa é a verdade. Achava que muito pessoas já tiveram problemas semelhantes aos meus, o que provavelvemente é verdade, e que alguns obtiveram soluções para eles. Talvez se eu tivesse buscado conhecer a que conclusão chegaram, meu sofrimento fosse muito. Mas entendam: no momento em que decidi cursar psicologia, decidi que seria o melhor psicólogo. Pensava que se não conseguisse vencer sozinho a tristeza - talvez o maior dos inimigos do homem - não poderia ser o melhor. E eu tinha sonhos, sim,  sonhos grandes! Como todo adolescente, eu sonhava em mudar o mundo. Libertar a humanidade da tristeza e tornar-se um dos grandes filósofos da Histórias.
Então eu entrei na faculdade. Quando contei á minha mãe que passei no vestibular, vi seus olhos chorarem. Ela chamou todos os nossos parentes e fez uma festa gigante.Nunca a vi tão feliz em minha vida, e por uma noite, não havia dor.
A expectaviva que eu tinha da faculdade era uma experança tola de mudança. Esperava que tudo iria melhorar quando sentasse pela primeira vez na sala de aula. Imaginava-me tornando um cara social cercado de amigos, pegando garotas, indo a festas e voltando para casa completamente bêbado.É engraçado ver como eu era tolo. Entendam que eu não considero ser aquele cara algo ruim, mas isso não era vida para mim. E foi somente quando entendi isso que minha vida realmente mudou.
A primeira impressão que tive dos meus colegas é que eles eram um bando de filhos-da-puta. O que não deixava de ser verdade para a maioria deles. Muitos  estavam ali porque tinham a ilusão de que o curso de psicologia lhes dariam a habilidade de manipular os outros. Outros simplesmente porque achavam que ser psicólogo soava bem. Eu ficava quieto em minha carteira observando-os. E fui percebendo como seus comportamentos eram comuns e realmente previsíveis. E infantis. Não havia muita diferença entre eles e as crianças da praçinha de Lud (que eu continuava a frequentar).
Passaram-se dois anos até que houvesse uma real mudança em minha vida.Até então, minha rotina pouco mudara, mas eu muito aprendera. Acumulara um grande conhecimento (porém longe de suficiente) do comportamento comum das pessoas comuns. Os meus colegas de sala tornaram-se extremamente previsíveis para mim; divertia-me tentar prever que reações teria sob determinadas situações(algumas eu mesmo provocava). A imagem que eles tinham de mim era a de um cara esquisito e totalmente anti-social. Provalmente por causa das minhas estranhas perguntas que até vocês já responderam.
Diferente deles, o comportamento das crianças de Lud dificilmente podia ser previsto. Impressionava-me suas expontaniedade e liberdade. Sim, eram mais livres que os colegas da faculdade, meus amigos. Seus comportamentos não eram limitados por valores morais, tolas ilusões, e nem pela opinião alheia. Eu admirava (e invejava) a alegria deles. E era isso que me fazia continuar a observá-las. "A felicidade está aí", eu pensava."Eles estão alegres porque simplesmente vivem, não tentam resolver os problemas do mundo e ainda não tem os seus. São livres e simples. Mas a felicidade não esta apenas na simplicidade.É necessário ainda mais alguma coisa."
E então eu conheci vocês. Nós sempre se perguntamos como eu fui parar na república no fim da noite. Talvez se estivéssemos sóbreos o suficiente para lembrar, tudo fosse diferente. Posso dizer que fui convindado para ir a festa (eles queriam fazer piada, achando que eu não iria). Lembro da Luiza gargalhando enquanto dizia "o Ben ir a uma festa?HAHAHAHA!!!". Aceitei o convite porque queria por em prática uma ideia que vinha crescendo a algum tempo: agir como um cara 'descolado' para ver a reações das pessoas. No fim, a tentativa mostrou-se inútil, bebi tanto na festa (pessoas descoladas bebem) que nada consegui recordar. Quando tento relembrar os acontecimentos, sinto que há uma espécie de névoa escura encobrindo as lembranças. A única coisa que vem é eu sendo acordado pelo Ana "Ei,ei ,moço, acorde!", ela dizia. E quando eu finalmente eu acordei e sentei no tapete em que dormira, ela perguntou: "Moço, desculpe te acordar, mas quem é você?". Então vocês foram chegando e se aproximando e alguém (acho que era o Capivara) gritou "quem é esse guri?".
 Logo estava sentado na mesa comendo o café da manhã com vocês, quieto, observando-os conversarem entre si. Espantava-me o relacionamento entre vocês. Via e ouvia vocês tratarem uns aos outras com carinho, rindo piadas que vocês entendiam, falando com intimidade como se não houvesse um completo desconhecido a mesa. E vocês eram muito estranhos. Entendam isso como um lisonja, porque suas estranhezas me fascinavam. O esquisito e diferente sempre me atraíram.
À princípio achei que vocês fossem pessoas comuns. Que seriam mais uns vivendo sob sombra do que é modinha e "normal" (como já disse muitas para vocês, não acredito no normal). Estavam conversando sobre novelas e isso me aborrecia. Então o assunto da conversa tornou-se os problemas pessoais da Ana, e ela relatava seus sentimentos com tanta profundidade que eu me impressionava. E fiquei surpreso quando vocês perguntaram a minha opinião sobre algo que era tão pessoal. A conversa passou por diversos assunto e eu achava incrível a variabiliadade. Comecei a achar vocês muito legais e interassentes e um forte desejo de conhecê-los profundamente surgiu. E foi isso que fez eu passar o dia  com vocês.
Estava muito alegre e animado quando voltei para casa. Dejesava vê-los logo. Fiquei extremamente feliz quando a Ana me convidou para retornar a república no dia seguinte. Quero que vocês entendam o quanto foram importantes para mim. Lembrem-se: tudo que eu queria era acabar com a minha tristeza e melancolia que me acordava quase todas a noites e achava que eu deveria conhecer o profundo da alma humana para encontrar a luz para o meu problema. Vocês eram especiais, diferentes; eu sentia isso. Quando eu estava com vocês (coisa que tornou-se muito frequente a partir daquele dia) minha compreensão aguçava, minha percepção elevava-se. Eu via tudo e todos e compreendia a razão por trás de cada ato das pessoas. A proximidade com vocês fez com que eu realmente pudesse entender as mentes das pessoas. Eu sentia que realmente estava perto da felicidade; que o tempo, no fim, me traria a verdade com o vento. E eu estava convicto de que poderia mudar o mundo. Tolas ilusões!
 Foi somente na último ano da faculdade que o vento chegou. Mas não era a verdade que ele trazia. O que o tempo enviara fora algo extremamente frio, cruel e simples.Típico dele. Minha mãe e meu pai foram encontrados mortos na cozinha.
 Peço perdão a vocês por nunca ter-lhes contados isso, por ter mentido quando vocês me perguntaram porque eu estava pedindo para morar na república. Entendam, eu realmente não queria vê-los tentando me consolar. Temia que vocês entristessessem e que isso fizesse vocês perderem aquela energia que fazia meu cérebro trabalhar tão bem. E eu era muito orgulhoso, lembrem-se, não desejava que vocês tivessem pena de mim.
 Entretanto, a morte de meus pais não fora de todo mal. Ao contrário, ela abrira minha mente. Foi um golpe que me depertou para a realidade. E eu me senti um fracassado, um idiota, um imbecil. Vi todas as minhas esperanças de uma vida sem sofrimento, sem a dor dissolverem-se no vazio. Por um momento, acreditei que minha vida seria uma eterna melancolia, que eu estava fardado a sofrer. Então, quando senti minha determinação retornar, e as ilusões de uma vida melhor inundarem meu coração, veio a compreensão destruindo todos os alicerces da minha recém recuperada esperança.
É interessante ver como a minha vida foi influenciada por acontecimentos externos. Imaginava-me sempre como uma pedra sólida indo em direção a alvo a qual foi arremessada. É interessante também que só agora, ao escrever esta carta a vocês, que percebi o quanto estava errado. Imagino que se meu irmão não tivesse nascido, minha luta contra a dor jamais teria plenamente começado e que se meus pais morressem antes de que eu conhecesse vocês, minha dor poderia jamais ter acabado. Morte e vida, meus amigos! No fundo, essas foram (e são) as únicas coisas que importaram para o homem. Uma eterna tentativa de dar (ou encontrar) um sentido à vida e à morte. Comigo não foi diferente, e, infelizmente,  com vocês também não será. Mas não venham a ser pessimistas! É essa busca por sentido que faz a vida realmente ter sentido! É essa constante luta pelo impossível, pela verdade, pela paz, pela total liberdade, pela plena felicidade que torna o homem tão interessante! Essa batalha nos faz ser tolos e ao mesmo tempo especiais, únicos! Por que eu tomei a decisão de tirar a minha vida? Por que não suportei a compreensão de que por mais eu tentasse fazer alguma coisa minha vida sempre seria marcada por momentos de júbilo e momentos de dor? Não! Absolutamente não! Eu vou fazer isso simplesmente por que...eu compreendi. Minha busca encerrou-se e a partir de agora tudo perdeu o valor pra mim. Tudo é vazio. Ora, vocês já ouviram falar de algum suicida que não tenha visto o vazio e sentido ele consumir toda a sua alma? Contudo entendam: é com um enorme sorriso que puxarei o gatilho. Mas querem saber o real motivo do meu suicido? Mais uma vez o meu orgulho! Não aceitarei viver sob uma ilusão. Minha vida termina assim como minha busca. Meu orgulho não me permitirá criar um novo objetivo para minha vida. Não viverei uma constante sequencia de objetivos de vidas cada vez maiores. Minha vida limita-se à compreensão.


             Para os meus amigos Ana, Luiza, Paulo, Roberto e Carlos Capivara:
                                                                 
                                                          Um verdadeiro adeus!

                                                                    Amo vocês!

terça-feira, 29 de junho de 2010

Esseu (sinopse) - by Sarah Almeida

 Teve uma época da minha vida (como se fosse tão diastante - este ano mesmo) em que eu comecei a pedir para alguns amig@s meus que escrevessem um conto para mim. Poderia ser sobre qualquer coisa, curinha mesmo, e que não se preucupasse com uma linguagem erudita, apenas que fosse criativo. Dei como prazo um mês, depois um mês e por fim a data do meu aniversário. Ao menos a Sarah (conheçam-na, ela é a melhor amiga do mundo - sarahcma@hotmail.com ) me enviou um sinopse da história dela (o resto nada escreveu - história? que história?). Até o fim das nossas férias (09 de agosto) elas nos enviará a história completa. Aí está a Sinopse:

Ei Nana... lembra-se do dia que nos conhecemos...?

 Esseu

  Esseu nasceu entre as nuvens. Todos viviam somente quando o Sol raiava. As nuvens davam a forma  a Esseu, quando Esseu dormia as nuvens eram a sua cama, quandou Esseu andava as nuvens eram o seu chão.
  O mundo além dos céus tinham em encantamento, e Esseu se acostumava e ele como você se acostuma a andar sobre seus dois pés. Quando amanhecia tudo criava vida, seres errantes que não sabiam o motivo de viver sob tal condição, com o Sol eles falavam, se moviam e dançavam com as nuvens.
    Não sabem o motivo, mas certo dia Azaki suviu além do céu. Azaki, que fora um balão na Terra, contava as suas viagens e o mundo que percorreu para Esseu.
  Azaki, que era a atração daquele mundo, causava tanta curiosidade e estranhamento do mundo abaixo do céu, que Esseu passou vários dias só a escutá-lo.
  Esseu era o mais alto, o mais leve, o mais valente e o mais amável de todos os seres. Diziam que ele tinha um mistério que segua caminhos que se cruzavam com os caminhos de todos que viviam ali.
  Certa noite, o Sol não raiou, o dia não amanheceu e Esseu, sendo o único que vivia na escuridão, cansado de contar as horas, sentindo tamanha saudade, de depôs de coragem e foi apalpando as nuvens, e descendo, e atravessando o véu que separava aquele mundo, aquela cortina que encobria tuas emoções, e começando a maior e mais emocionante aventura que você já viu.

domingo, 27 de junho de 2010

Tudo o que eu quero é ser feliz




  Primeira Parte

  Tudo o que eu quero é ser feliz, é demais isso uma moça como eu pedir isso, senhor? Por anos venho lutando por uma simples felicidade, uma relativa paz, um lar e uma famíla, até mesmo uma ilusória e hipócrita felicidade, mas ela é me sempre negada.
  O que posso fazer? Acontece que me minha vida e a minha realidade se emanharam por caminhos tão complicados e as coisas tornaram-se tão complexas... ai que saudades do tempo em que as coisas eram tão simples.
  Será que mamãe estava certa? Ela sempre me dizia para eu tomar cuidado por onde eu ando... se eu não fosse tão curiosa e tão exploradora, se eu tivesse esta maldita mania de querer tudo conhecer e percorrer todos os lugares e se eu não me apaixonasse tanto, talvez tudo fosse diferente. Hoje o mundo é feio. O que foi ontem, tornou-se presente... mas o que será amanhã? Pode as coisas ainda piorarem?
  Eu acreditava ser uma supermulher. Achava que dava conta de tudo. Queria saber tudo, ler tudo, fazer todos os trabalhos do mundo, ter múltiplas capacidades, ter um corpo saudável e bonito. Desejava saber lutar, falar muitas línguas, conhecer inúmeras pessoas, namorar muito e ainda ir a todas as festas. E mais: queria salvar o mundo. No entanto, tudo se tornou um fardo pesado demais para carregar. Não quero nada disso mais, aprendi a lição. Os homens não podem se tornar superhomens por si mesmo.
  Hoje me pergunto: como pude as deixar as coisas chegarem a este ponto? Eu sabia que isso podia acontecer, isso era previsível por mim, mas... eu fui orgulhosa demais. Acreditava-me muito forte e me lancei um desafio: vou tornar a minha vida mais intensa... vou até onde for o meu limite... e quando encontrá-lo... vou superá-lo! Encontrei o meu limite, perdi.
  Sabe, o que eu queria era viver. Queria me livrar daquela melancolia do cotidiano. O dia-a-dia e o banal me rupugnava. Simples tarefas como lavar louça e preparar almoço me horrorrizava. Isto é atraso, perda de tempo, tempo inútil, tempo disperdiçado. Tudo o que não tivesse diretamente ligado ao meu desenvolvimento era por mim desprezado. Meu tempo tornou-se algo parecido com um galão de gasolina furado em queria deveria me apressar em aproveitá-lo logo antes que ele se esgotasse. Depois, vi-me preso em meus próprios planos. De certa forma, consegui muita coisa do que eu queria, mas ao sacrifício de um mundo de coisas. E me cansei... estou cansada, exausta... todos estes meus sonhos começaram a exigir demais de mim... tudo o que eu quero é poder dispensar um dia da minha ao nada... e demostraram ter outra face... foram sonhos cruéis demais para uma só pessoa, não aguento mais..., pequenos demônios que querem sua alma... tudo o que eu quero é ser feliz, uma vida banal, sabe... eu desisti... e procuram te transformar em uma máquina... só quero dormir.

  Segunda parte

  O senhor levanta de sua cadeira, olha o interior da casa da moça e volta a sentar. Serve outro copo de chá para si, apoia sua cabeça em suas mãos e encara a moça com desprezo.
  - Você é uma tola. Idiota, boboca, perdida. E fraca.
  O homem levanta novamente da cadeira, vai ao banheiro e deixa a casa da moça.
  Mais tarde, encontra sua família em casa. Conta o dia para a esposa, conversa pelo telefone com o seu pai e brinca com os filhos. À noite, briga com a sua mulher. Meia hora depois, faz sexo com ela.
  No dia seguinte, de manhã cedo, toma o café-da-manhã com a família. Está na mesa o homem, sua esposa, seu filho mais velho (18 anos) e sua filhinha (16 anos). o filho mais novo continua dormindo.
  -Pai, mãe - conta alegremente sua filhinha (16 anos) - já sei o que quero ser quando crescer. Quero ser uma escritora famosa, uma artista plástica ou música. Já até consigo imaginar minha arte... ela vai falar sobre as desigualdades sociais... será uma arte de protesto... ou quem sabe de amor. Sabe o que o meu namorado me deu? Um caderno lindo (cheio de corações e eu-te-amos) para eu começar. Ele disse que eu tenho talento. Semana que vem agente vai...
  O homem se lembra da moça, seu semblante altera-se sutilmente. Termina o café-da-manhã em silêncio. Neste dia, falta ao emprego. Passa o dia em sua cama - não permite que ninguem o incomode - refletindo sobre toda a sua vida.
  À noite, escreve uma carta para a moça em tinta azul.
  "Os homens não podem se tornar superhomens por si mesmos. No entanto, somente os superhomens possuem vida."
  Dias depois, viaja ao interior para ver seus pais. Seu chefe ameaça despedi-lo. A esposa desagrada - os filhos vão perder a escola -, ela não gosta de sua mãe. 
  São recebidos com carinhos, um abraço quebra o desânimos da família. A noite, o homem pede ao seu pai para passear com ele na cidade. No caminho, conta ao pai seus pensamentos. Consegue evitar mostrar seus sentimentos (anos de treinamento).
  - Filho, o que posso fazer por você? Dei uma educação pensando em uma vida sucedida para você... e veja, você tem um ótima emprego, uma esposa bonita e filhos queridos. No meu tempo, essas eram as nossas preucupações. Se você não consegue se satisfazer com isso, deverá procurar resolver seu problema por si próprio. Mas se por você não é capaz disso, então, desculpe-me, meu filho, mas você é um fracassado. Tudo o que eu queria era que você fosse um homem feliz; pensei ter conseguido isso... mas você tem se mostrado fraco.
  Mais uma vez esconde seus sentimentos (ele é realmente bom nisso). À noite, despede dos pais e volta à sua cidade.
  Alguns semanas mais tarde, sua mãe liga para ele.
  "Filho, seu pai me contou sobre a conversa de vocês. Lamento muito que esteja passando por isso. Quero te dizer que apesar  de tudo o que aconteceu, você é capaz de superar isso. Não tome suas derrotas como argumento para provar sua fraqueza. Você será forte enquanto se mostrar forte, por isso, levante a cabeça e lute. O que você precisa agora para a sua vida é criatividade, meu filhinho; a solução de seu problema exige uma solução criativa para ela. Por isso, não busque a resposta nos outros ou no passado, mas na sua pessoal reflexão sobre os outros, o passado e si próprio. Por favor, seja feliz, eu te amo."
  Meses mais tarde, o homem não resiste, chora.
  Anos depois, sorri.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Torne-te quem tu és

Esta historinha é da época em que ainda tentava ser um escritor (de certo forma ainda tento, mas as cosias diferentes agora). Porém sempre tive problema em escrever, sempre foi difícil para mim escrever bastante, cada parágrafo é um sacrificío (não me peçam para escrever um projeto de epsquisa para vocês), mas esta história saiu relativamente fácil. Foi escrita em dois dias, em duas sentadas... e revista depois.

Havia um homem chamado X e este desejava fazer alguma coisa grande. Não sabia exatamente o quê, somente que deveria ser algo grandioso, espetacular e que valesse o trabalho de toda a sua juventude. Era jovem, hábil, forte e cheio de vida; dificilmente se cansava e não poupava muita energia para o que desejava; lutava contra a preguiça e buscava se fortalecer. Tinha um espírito rico e ousado, desejava coisas grandes coisas e possuia uma vontade poderosa. Tentava-se manter sempre calmo, e na maioria das vezes conseguia, porém ia à ação quando necessário, sem que com isso perdesse sua tranquilidade. Era forte.
Por toda sua vida foi bombardeado pelo sermão "conheça os seus limites", mas ele foi além. Conheça o seu poder, disse para si. Ele conheceu e descobriu que é capaz de muita coisa, reconheceu-se por fim poderoso. Seu coração encheu-se de motivação e determinação, seu punhos cerraram-se, olhos fecharam-se e sua mente olhou longe, longe, para além do horizonte. Nasceu dentro de si uma vontade de criar, criar tudo o que era capaz e tudo que não era capaz. Desejava criar algo magnifíco, belo, poderoso, que se impusesse presente, algo que impressionasse a todos e a si próprio, no fim, algo que fornecesse a todos um pouco do seu poder. Acima de tudo, desejava mudar o mundo.
X avaliou toda sua a vida até então. Julgou nunca ter feito nada de muito importante, nada que valesse a pena. Porém não se sentiu culpado por isso, nem pensa ter disperdiçado sua vida. Acredita que se alguma coisa acontecesse de forma diferente, tudo poderia ser diferente. Pois X nem sempre foi forte. Ele somente tornou-se o que é quando percebeu-se o que é. E toda a sua vida foi uma sequência de acontecimentos que o levou àquilo. E aquele era o seu momento. O momento de fazer coisas grandes.
Contudo, toda essa vontade de grandeza era uma coisa bem recente. Foi instruido e reinstruido a renunciar o mundo. "O mundo não tem sentido", diziam-lhe, "se você desejar ser grande, estará sujeito ao fracasso. Sua vida será como uma montanha russa: haverá momentos no topo e momentos em baixo. Os tempos felizes serão sempre curtos e sua mente lembrará com mais força a dor. Busque uma vida moderada; transforme sua felicidade numa linha reta". E por muito tempo X assim viveu. Porém, essa filosofia não conseguiu mais ser suficiente. Como explicar os momento em que ele simplesmente ficava triste, melancólico, sem motivo algum? E a quanto tempo ele não sentia aquela alegria forte, violenta, deliciosa! X decidiu abraçar o mundo. Sabia que arriscava, sabia que corria o risco de viver infeliz, admitia que ensinavam-lhe corretamente, não conseguia imaginar uma vida melhor no mundo, porém desejava-o. Então, desejou tudo. Quer estar num hotel extremamente luxuoso e ao mesmo tempo deseja estar num lugal miserável. Quer conhecer outras pessoas, viver outras realidades, interagir com vidas diferentes. Quer fazer tudo, aprender tudo e sentir. Busca a experiência suprema de vida.
Por que X quer tanto ser grande? Porque possui demais amor prório. Ele quer que toda a sua vida tenha um profundo significado. Não procura simplesmente viver, não busca prazer momentâneo, não age apenas pelo futuro, mas espera que a sua vida no todo tenha valor. Ele é vaidoso, orgulhoso, duro, frio, todavia não egoísta. A sua coisa grande é uma mudança do mundo. Seu fim último é o autodesenvolvimento.
O que é o autodesenvolvimento para ele? É se tornar aquele capaz de transformar o mundo. Qual é a grande coisa que se propôs a realizar? Transformação do mundo. Como ele pretende isso?
X descobriu mais. Percebeu que todos possuem tanto poder quanto ele, e que também desejam criar e transformar, talvez nem tanto quanto ele, porém não reconhecem isso. Consideram-se fracos. Duvidam de si próprios, perderam suas experanças, hesitam antes de agir. Temem lutar. Onde está o antigo prazer pelo combate, pela guerra, pelo sangue? Quando X realizar a sua coisa grande, todos saberão que são fortes.
Ele não sabe como realizará a transformação, porém reconhece nisso seu projeto de vida e seu valor. Dedicará sua vida a isso. Sabe que pode fracassar, sabe que pode ser infeliz e miserável, porém decidiu abraçar o mundo e esta é a história
de sua vontade de criar.